Philiform, a Philips e os brinquedos

Creio que poucos sabem que a Royal Philips Electronics, mais conhecida como Philips, em 1969 lembrou-se de produzir e pôr à venda um sistema de construções em plástico muito parecido com o Lego, a que chamaram Philiform. O sucesso foi de tal ordem que três anos mais tarde, em 1972, a produção já tinha sido interrompida e nunca mais foi retomada.

Em boa verdade, não foi a única vez que este colosso da electrónica, que começou em 1891 a produzir lâmpadas e se tornou rapidamente um dos maiores fabricantes de iluminação e de electrónica do mundo, decidiu produzir brinquedos. Em 1951 o brinquedo Pioner permitia aos jovens construir um rádio com todos os componentes necessários ao seu funcionamento. Nos anos 60, tinha produzido o sistema de construções EE (Electrical Engineer): kits com os quais se podiam construir vários dispositivos electrónicos. Em 1965, um sistema em metal muito parecido com o Meccano, o denominado ME (Mechanical Engineer) podia ser combinado com os anteriores para produzir pequenos engenhos electrónicos. Em 1970, foi a vez da química com o sistema CE,  uma série de laboratórios em miniatura: existia o de química inorgânica, o de orgânica e o dedicado aos polímeros. Em 1972 o sistema FE abordava as leis da física. Finalmente, em 1971, em sintonia com as tendências da altura, surgiu o CL com o qual as crianças podiam compreender o funcionamento de um sistema digital. Sobre estes brinquedos existem muitos sites de nostálgicos que se dedicam à divulgação de material e de informações.

Tal como acontecia com todas as outras séries de brinquedos produzidos pela Philips, as caixas da Philiform eram particularmente bonitas; um design gráfico digno dos melhores produtos da época. Dentro, as peças eram muito parecidas com as Lego (provavelmente demasiado parecidas…) e as instruções indicavam como construir vários objectos, mantendo sempre  uma certa predilecção por veículos e máquinas. Todavia, o sistema não era compatível com o Lego, não podendo, desta forma, servir como integração ou expansão deste.

Philiform era produzido pela famosa Mettoy Playcraft, a mesma firma que produzia, desde 1934, alguns dos brinquedos de maior sucesso em Inglaterra (os carrinhos Corgi, por exemplo) e que aguentou duas guerras, produzindo armas e munições (o mesmo que fizeram muitas fábricas europeias entre as quais, por exemplo, a Line Bros ou a Britans). Todavia, nos princípios dos anos 70, o mercado dos brinquedos norte-americano estava em forte expansão e isto teve enormes repercussões no europeu. A Mettoy Playcraft entrou numa crise da qual nunca mais conseguiu sair, até 1989, ano em que foi vendida ao colosso Mattel ficando só um vestígio seu na Corgi Classics Limited. Além disso, nos anos 70, aconteceu uma profunda mudança de paradigmas, com a introdução maciça dos brinquedos electrónicos e dos primeiros videojogos. Desta década são as consolas Atari, os jogos Pong e Space Invaders. O sistema Philiform, apesar de ser bem construído e razoavelmente bem pensado no seu conjunto era, quando comparado com o Lego, bastante limitado e, sobretudo, muito feio. Os modelos que podiam ser construídos eram visualmente frágeis e a comparação com o sistema dinamarquês rival era inevitável resultando sempre num fracasso para o Philiform (ver post anterior).

Referências
http://www.philiform.com/

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