Finalmente é oficial: a boneca Barbie, que apesar de ter 52 anos de idade continua linda, com um peito firme e sem um vestígio de celulite, terá, neste Outono, a sua versão arquitecta.
Óculos de massa, capacete, maqueta e rolo com desenhos técnicos são os acessórios que a Mattel achou mais pertinentes para uma arquitecta que, para a felicidade dos trolhas, visita as obras de saia curta e botins pretos. Os piropos não faltarão.
Óculos de massa, capacete, maqueta e rolo com desenhos técnicos são os acessórios que a Mattel achou mais pertinentes para uma arquitecta que, para a felicidade dos trolhas, visita as obras de saia curta e botins pretos. Os piropos não faltarão.
A história não é curta e, tão pouco, simples, pois é desde o ano 1959 que a Barbie foi construindo um currículo profissional impressionante com mais de 120 ocupações diferentes: começou por ser, entre outras coisas, bailarina, babysitter ou astronauta. A partir da década de 1970 ganhou novos papéis como cirurgiã, médica, embaixadora ou ainda ginasta ou paleontologista (os curiosos poderão encontrar uma lista completa das profissões e dos respectivos anos de lançamento na Internet).
Em 2001, a Mattel promoveu a operação “I can be…”, que lembra vagamente um famoso slogan eleitoral norte-americano, através da qual recolhe os votos e as ideias de milhões de adeptos da Barbie. Surgem novas profissões ou novas versões de profissões já existentes: motorista de autocarro, veterinária ou pediatra. A lista é extensa mas, em mais de cinquenta anos de vida profissional, a Barbie nunca tinha sido arquitecta.
Esta falha ainda existiria se não fosse o empenho de Despina Stratigakos, historiadora do Departamento de Arquitectura da Universidade de Nova Yorque e autora do galardoado livro “A Women's Berlin: Building the Modern City”. Em 2007 Stratigakos chega a organizar uma exposição com o título “Architect Barbie” onde são expostas várias bonecas que representam outras tantas variações sobre o tema profissional da arquitectura. A autora lamenta o facto de, apesar das mulheres representar em mais de 40% dos estudantes do curso de Arquitectura, as mesmas representam só 13% na vida profissional. No documento que acompanha a exposição, a Stratigakos lança um claro apelo: "As a scholar and educator deeply concerned with making architecture not only relevant to little girls, but also women relevant to architecture, I hope to persuade Mattel to reconsider the viability of Architect Barbie."
Mais tarde, em 2010, surge a oportunidade que Despina esperava: a Mattel promove outra edição da operação “I can be…” para que o público escolha mais uma profissão para a Barbie ( a 125ª). Para não perder esta oportunidade, a Stratigakos juntou-se a Kelly Hayes McAlonie, presidente do AIA (National Professional Association of Architects) em Nova Iorque e biografa de Louise Bethune (a primeira arquitecta norte-americana) para fazer uma campanha a nível planetário. Apesar de não terem conseguido que a Barbie arquitecta ganhasse (ganhou a engenheira informática), foram tantos os votos recolhidos e os meios mobilizados que a Mattel pediu às duas que colaborassem na criação desta profissão.
Assim, em Fevereiro deste ano, durante a Feira do Brinquedo de Nova York (a mesma que serviu, em 1959, para lançar a boneca) a Mattel anunciou que no Outono de 2011, passados 52 anos desde a sua premeria versão, irá ser posta à venda a Barbie arquitecta.
Será o caso de dizer que o desemprego não poupa ninguém…
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