Juan Bordes é um escultor espanhol e um colecionador de várias coisas. Uma das suas coleções foi exposta no Museu Picasso, em Málaga, em 2010 numa exposição com o título de "Los juguetes de las vanguardias". O projecto procurava encontrar as raízes educativas dos artistas que participaram nas vanguardas do século XX reunindo artefactos pedagógicos, manuais e brinquedos. A exposição nasceu da colecção privada de Bordes que já tinha servido, anteriormente, para a publicação de um livro de grande qualidade gráfica e científica: La infancia de las vanguardias: sus profesores desde rousseau a la bauhaus.
Ao folhear o livro conseguimos perceber as origens pedagógicas do dadaismo, do cubismo ou do futurismo. Se por um lado a historiografia oficial da arte do século XX retrata com maior ou menor pormenor as obras e os autores, as dinâmicas educativas que possibilitaram as grande rupturas nos paradigmas artísticos raramente foram objecto de atenção. A única exceção foi a Bauhaus que representou, e ainda representa, um caso de estudo praticamente inesgotável.
Bordes conta esta história. Uma história que aconteceu nos infantários, nas escolas ou nas casas e que teve, com pano de fundo, pensadores do calibre de Rousseau, de Pestalozzi ou de Froebel. Ao longo das 300 páginas, ricas em fotografias de alta qualidade, o autor consegue cartografar um fenómeno que nos fascina pela sua evidência e pela beleza e qualidade dos objectos expostos.
Creio que dificilmente encontraremos algo de tão bonito e intelectualmente estimulante entre os materiais de estudo dos nosso filhos. E isto, claramente, da que pensar.
Bordes, Juan. 2007. La infancia de las vanguardias: sus profesores desde rousseau a la bauhaus. Madrid: Ediciones Cátedra.
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