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No verão de 1797, com 15 anos de idade, Friedrich Fröbel muda-se para Hirschberg, uma pequena cidade na fronteira com a Baviera, onde aprende as artes da gestão florestal, da agrimensura, juntamente com a geometria.
Já com algumas competências e conhecimentos na área do desenho e do cálculo, em 1804, dois anos depois da morte do pai, Friedrich decide tornar-se num arquitecto e, com este designo, se inscreve no curso de arquitectura em Frankfurt. Durante os estudos de arquitectura um professor de desenho, que devia ter algum bom senso, convence Friedrich a mudar para a área do ensino (apesar de ter sido breve, a passagem pela arquitectura, juntamente com as experiências anteriores, deixará no jovem Fröbel a sensibilidade pela composição geométrica e pelo desenho que o ajudarão, mais de vinte anos depois, a criar os seus famosos brinquedos).
Decidido a passar pelo ensino, Fröbel vai para Yverdon-les-Bains, Suíça onde se encontra com uma das figuras mais marcantes da sua formação: o pedagogo suíço Johann Heinrich Pestalozzi. A instituição de Pestalozzi era, para a altura, extremamente inovativa; baseava-se no princípio de que todas as faculdades do homem se encontram em estado embrionário nas crianças. Daí a importância de acompanhar, estimular e conduzir, desde a mais tenra idade, o desenvolvimento das três principais vertentes do homem: a do coração (princípio e origem da religião e da fé), a da arte (que reside na base da técnica e do trabalho) e a da mente (onde se cultiva o conhecimento e o saber).
Após a experiência com Pestalozzi Fröbel, entre 1810 e 1816, volta a estudar, desta vez mineralogia (donde tirará alguns princípios que estarão na base das suas teorias pedagógicas) e, mais tarde, se alista com os fuzileiros do exército prussiano contra Napoleão. Em 1816 funda o Instituto Universal Alemão de Educação em Keilhau, que será, em 1921, objecto do ensaio “Princípios, fins e vida interna do Instituto Universal Alemão de Educação em Keilhau”. Em 1826 publica o seu primeiro e mais conhecido livro, A educação do homem, em que transparecem as influência de Pestalozzi, mas também da filosofia idealista de Schelling (1775 – 1854) e do Romantismo alemão de Novalis (1772 – 1802).
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Fröbel foi o primeiro a compreender a importância dos brinquedos no desenvolvimento cognitivo e motor das crianças. Ele via a infância como um período da vida particularmente fértil e feliz em que as crianças possuem faculdades especiais, que ele chegou a considerar divinas. A educação não tinha que impor modelos existente mas sim proporcionar a possibilidade do indivíduo se libertar e se tornar autónomo na sua forma de existência. Assim estava convencido que os brinquedos existentes (que na altura eram, de forma geral, reproduções em miniatura do universo dos adultos) desencorajavam a descoberta e a criatividade porque era altamente decorados, realísticos e sem uma lógica matemática ou geométrica.
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Mas o que era mais inovador era a ideia, de raiz claramente romântica, de que a formação da criança era um processo baseado numa descoberta autónoma, sem ter necessariamente que depender de modelos ou paradigmas comportamentais exteriores. O mesmo princípio que esteve subjacente, mais tarde, a muitos cursos propedêuticos no âmbito do ensino das artes como foi, por exemplo, o da Bauhaus.
Os brinquedos eram ferramentas educativas caracterizadas por um baixo nível de pré-combinação mas por um elevado nível de pré-determinação formal e dimensional. Por outras palavras as prendas de Fröbel permitiam, através da sua combinação, construir um número infinito de formas, todas elas de características geométricas rigorosamente controladas e determinadas. Isso permitia à criança desenvolver uma grande capacidade compositiva uma vez que manipulava elementos que possuíam relações dimensionais certas, nas três dimensões. Além disso o estudo das relações dimensionais entre os elementos permitia uma leitura geométrica dos volumes ajudando a aprendizagem da matemática (por exemplo o cubo dividido em oito partes ou o cubo dividido em cubos e prismas).
No dia 21 de Junho de 1852, após breve doença, Friedrich Wilhelm August Fröbel morre.
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