Em Portugal chama-se quadro mágico e creio que todos tenhamos brincado com um pelo menos uma vez na vida. Foi inventado por um francês e foi considerado, pela Toy Industry Association, um dos 100 brinquedos do século. É uma espécie de pequeno televisor onde, ao rodar dois manípulos, conseguimos controlar o percurso de uma linha preta sobre um fundo cinzento prata. Digo controlar o percurso porque na realidade não podemos interromper a linha a não ser quando apagamos todo o desenho e recomeçamos desde o início.
Etch A Sketch (este o primeiro nome comercial quando, em 1960, a firma de brinquedos norte-americana Ohio Art Company lançou-o no mercado) funciona com um princípio extremamente simples mas eficaz: a superfície interior do ecrã é coberta com pó de alumínio e partículas de estireno; quando um ponteiro metálico se desloca em contacto com esta superfície traça sulcos pretos no fundo cinzento. A linha desenhada aparece preta porque vê-mos, através dela, a escuridão no interior do brinquedo. Para apagar o desenho e recomeçar é só virar o quadro ao contrário e agitá-lo de forma o alumínio e o estireno voltar a cobrir a superfície interior do ecrã.
O movimento do ponteiro é feito através de um sistema de roldanas e cabos que o guiam ao longo de dois eixos entre eles ortogonais. O ponteiro desloca-se num espaço cartesiano por incrementos X e Y controlados pela rotação dos manípulos, de forma muito igual, por exemplo, ao funcionamento de uma plotter de canetas ou de uma máquina de corte CAM. Parece simples, mas quando tentamos traçar uma linha inclinada ou curva percebemos a dificuldade em controlar o movimento do ponteiro por pequenos incrementos de rotação dos manípulos. Além disso, a linha gerada pelo ponteiro não pode ser ininterrupta obrigando a que os desenhos sejam pensados e preparados com antecedência.
O brinquedo foi inventado por um francês nos finais dos anos 50. O electricista Arthur Granjean desenvolveu um protótipo na sua garagem que chamou L'Ecran Magique e resolveu levá-lo para a feira do brinquedo de Nuremberga em 1959. Foi justamente na feira que H.W. Winzeler, presidente da Ohio Art Company, viu o brinquedo mas, apesar de Arthur Granjean pedir uma ninharia para a sua patente, foi só um ano depois que decidiu fazer uma experiência no mercado norte-americano. Após algumas alterações ao projecto original, entre as quais a passagem de um sistema de joystick para os dois manípulos, em 1960, ao longo das feiras de verão, o Etch A Sketch foi lançado com uma forte campanha publicitária acompanhada de anúncios televisivos. Com a aprovação das revistas Good Housekeeping e Parents, se tornou logo um brinquedo de sucesso. Só a Sears, Roebuck & Co, uma das maiores cadeias de distribuição norte-americanas, vendeu, entre 1960 e 1970, 10 milhões de Etch-A-Sketch.
Em 1986 foi produzida uma versão digital do Etch A Sketch, o Etch A Sketch Animator que foi também objecto de uma forte e bem conseguida campanha publicitária. Com um ecrã de baixa resolução (40x30 píxeis), tinha também os manípulos para desenhar; entre eles haviam oito botões que permitiam fazer várias operações entre as quais colocar as imagens produzidas em sequência de forma a criar uma animação. Além de ser muito caro para a altura (custava cerca de 50$), foi uma grande desilusão uma vez que era extremamente lento e tinha uma resolução de tal forma baixa que as únicas imagens decentes que podiam ser feitas eram as que existiam no livro de instruções.
Em 1988 surgiu o Etch A Sketch Animator 2000 que, sempre com base num sistema de ecrã digital, tinha maior resolução, era acompanhado por uma caneta para escrever e podia funcionar com jogos gravados em cartuchos (Polé-position, golfe, etc...). A produção teve que ser suspensa devido a fraca adesão do público. Em 2001 a produção do Etch A Sketch passou de Ohio para a Shenzhen, China.
Actualmente a Ohio Art Company tem a venda Etch A Sketch em versão software para jogar com computadores, Ipod ou Iphone, mas o modelo original, o de 1960, continua a ser ainda o mais apreciado e vendido. Um brinquedo que não vincula o pensamento (como aconteceu com a sua versão Animator), que não suja, que pode ser levado para qualquer lado(como mostravam os anúncios televisivos da altura) e que, num verdadeiro instante, está novamente pronto para recomeçar. Tanta é a paixão em torno do Etch A Sketch que existe um fan club com mais de 35.000 membros, com idades entre os 2 e os 82 anos, alguns deles verdadeiros artistas.
O site oficial: http://www.etch-a-sketch.com
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