O seu nome é James May e em Portugal é conhecido por ser um dos condutores do famoso programa televisivo
Top Gear, juntamente com Jeremy Clarkson e Richard Hammond. Nesta série a sua alcunha é
Captain Slow por ser, entre os três, o que conduz mais devagar (com excepção de quando, em 2007, conduziu um Bugatti Veyron até aos 407 km/h).
Em Inglaterra a sua carreira televisiva vai muito além de Top Gear. Desde 1999 é apresentador principal em vários programas sobre vinhos (
Oz and James's Big Wine Adventure), sobre invenções do século XX (
James May's 20th Century), sobre grandes ideias (
James May's Big Ideas), além de outras coisa entre as quais, cá estamos nós, os brinquedos.
May é, de facto, um grande apaixonado por brinquedos e o seu documentário
James May's Top Toys, de 2005, foi o primeiro de vários programas que este jornalista de 47 anos dedicou a esta paixão.
Em 2009, começou a produção e a sucessiva transmissão do programa
James May's Toy Stories. Em cada um dos 6 episódios era escolhido um brinquedo e era lançado um desafio nunca antes visto. Assim conseguiu-se construir um avião em kit de montar da
Airfix em escala 1:1; um inteiro jardim de flores feitas com plasticina; uma grua de 23 metros com construções
Meccano; uma pista de carrinhos
Scalextric com 4,5 km de comprimento; uma linha de comboio
Hornby em miniatura com 16 km e, isto já nos interessa mais, uma casa habitável inteiramente construída com as peças da
Lego.
Não é certamente a primeira vez que alguém constrói um objecto tão grande unicamente com Lego, pense-se só nas várias
Legoland que existem pelo mundo fora (Dinamarca, Inglaterra, EUA e Alemanha) onde existem inteiras cidades em miniatura feitas com Lego. Mas é certamente a primeira vez que alguém se lembra de construir uma casa onde possa habitar, só com Lego. Posso dizer isto melhor: é a primeira vez que alguém constrói uma casa onde possa habitar, porque lembrar-se de construí-la... creio que esta ideia já tenha passado pela cabeça de todos nos...

Mas James May não é um entre “todos nós” e, em 2009, a produção do seu programa comprou 3,3 milhões de peças Lego. Claramente era um desafio demasiado grande para uma pessoa só, por isso foi lançado um apelo no programa, e foi reunida uma equipa de 1200 voluntários para construir uma casa com dois andares, uma casa de banho completa e a funcionar, uma cozinha totalmente equipada, uma sala com cadeiras “design”, um quarto com cama e um gato. Tudo construído religiosamente e exclusivamente com peças Lego. Na realidade a casa tinha uma estrutura portante em madeira que era revestida em lego. Mas isto agora não interessa de nada porque a história não acaba aqui.
Ao chegar a Surrey, uma localidade a sudoeste de Londres, May e a sua equipa estavam à espera de encontrar algumas dúzias de pessoas que tivessem respondido ao apelo. Cerca de 1700 pessoas que se tinham juntado numa fila quilométrica, estando alguns à espera desde as 4h30 da manhã. 1200 foram aceites, 1500 tiveram que voltar para casa.
As pessoas foram divididas em equipas para fazer tijolos de 576 peças (12x8x6) e as obras continuaram ao longo de mais de um mês. No dia 17 de Setembro a casa ficou concluída.
O desafio ainda não tinha acabado porque James May tinha prometido que iria passar uma noite na casa, e assim fez. Numa noite de chuva, coisa rara num Setembro londrino, May experimentou a absoluta ausência de conforto da casa em Lego: qualquer superfície é picotada, andar descalço num chão Lego é uma verdadeira tortura chinesa; tudo é extremamente frágil, a belíssima réplica do cadeirão de Jacobsen em Lego esboroa-se literalmente mal May se senta nela; a cama não passa de uma caixa de plástico rígido. Um dos principais problemas surge, justamente, por causa da chuva: a casa mete água por todos os cantos, as junções não são estanques e, assim, não existe possibilidade de manter a água fora da casa ou, como é o caso do lavatório ou do chuveiro, de manter alguma água dentro dela. Um verdadeiro desastre.
Uma vez acabadas as filmagens colocou-se o problema do que fazer com a casa. May ofereceu-a à Legoland mas os dirigentes do parque temático recusaram a oferta uma vez que seria extremamente caro mudar a casa de sitio. Qualquer reconstrução para fins lucrativos estava fora de questão, uma vez que a Lego possui os direitos de autor para este tipo de instalações. O debate foi de tal ordem que se reuniu um grupo com mais de 3.500 membros no Facebook contra a demolição da casa.
A falta de licença, a precariedade da estrutura que tinha sido pensada efémera e a necessidade de libertar o terreno sobre o qual tinha sido construída foram razões suficientes para, à falta de outra solução, avançar com a demolição da casa. As peças Lego foram doadas para instituições de caridade e dela só ficou o registo televisivo.
Fonte: http://www.jamesmaystoystories.com/